terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Bem Instruída em Salvador - Fundação Casa de Jorge Amado

Fundação Casa de Jorge Amado

          Durante minha viagem em terras baianas, eu não poderia deixar de conhecer a fundação que homenageia um dos maiores nomes da literatura brasileira. Jorge Amado está entre os mais importantes escritores brasileiros do século XX. Nascido numa fazenda do interior do distrito de Itabuna, ele se destacou nos estudos sendo aprovado entre os primeiros colocados na faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, Estado para qual se transfere em 1930, aos 18 anos. No ano de 1939 sua obra começa a se expandir sendo traduzida para os idiomas inglês e francês. Hoje, contabiliza-se a publicação de seus livros em 55 países, num total de 49 traduções. No Brasil, teve mais de 20 milhões de livros vendidos. 
          Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Sorbonne e foi 4 vezes ganhador do Jabuti, principal troféu literário do Brasil. Em 1994, obteve o Prêmio Camões, considerado o mais importante entre autores de língua portuguesa.

          
     A fundação foi criada com o intuito de conservar e estudar os acervos de Jorge Amado e Zélia Gattai. Um conjunto de mais de 250.000 documentos, fotografias, recorte de jornal, artigos científicos, primeiras edições e datiloscritos dos seus livros, além de prêmios, medalhas, etc.       
        



















 Algumas de suas obras
 Como surgiu o romance Dona Flor e seus dois maridos

          Conta Jorge Amado que, certa feita, conheceu uma senhora que vivia atormentada. Tinha sido casada com um boêmio, casou-se de novo - desta vez, com um português bem comportado. Ia tudo muito bem, até que o primeiro marido começou a aparecer em seus sonhos, querendo ir para a cama com ela. Daí a sua pertubação. 
          Uns trinta anos mais tarde, caminhando com um amigo pelas ruas de Salvador, Jorge Amado viu um sujeito todo vestido de branco, estirado numa escadaria, um tremendo porre. Lembrou-se de imediato de um amigo da juventude, Vadinho - sujeito rico, farrista, jogador, que vivia perdendo dinheiro e ganhando mulheres. Alguns quarteirões adiante, topou com uma placa, fixada na porta de uma casa, onde se lia: Escola de Culinária Sabor e Arte. Para completar o quadro, Jorge Amado e seu amigo se extasiaram, nessa mesma tarde, com a visão de uma belíssima morena, debruçada na janela de um sobrado. Jorge Amado comentou então que, àquela morena deslumbrante, Vadinho certamente teria dito: "quero saborear-te". De repente as cenas desse passeio a pé por Salvador se fundiram com as imagens da senhora aflita, assediada em sonhos pelo primeiro marido. Tudo se acoplou de tal forma que, no dia seguinte, Jorge Amado já estava em cima da máquina, escrevendo um novo romance. E assim veio a luz, em 1966, a história de Flor, dona da conceituada Escola de Culinária Sabor e Arte, e de Vadinho e Teodoro, seus dois maridos. (Conteúdo oferecido pela própria fundação)




















         A Bahia da década de 1970 serve de inspiração e cenário na criação do romance Tieta do Agreste. 
          A Bahia - "a Nova Bahia", como então se dizia - sob o impacto da indústria petroquímica. O mar de Iemanjá ameaçado de se converter em depósito de metais pesados. A cidade povoando-se de hotéis e agências publicitárias. A população inflando. O paraíso hippie contracultura de Arembepe anexado a um anel industrial. É nesse contexto que Jorge Amado publica, em 1977, "Tieta do Agreste", romance escrito entre a praia de Buraquinho e a cidade de Londres. O livro é a recriação da vida cotidiana numa pequena cidade do litoral norte da Bahia, próxima à foz do Rio Real, região do Mangue Seco, num momento crucial de sua história - momento em que a sua paz, a sua vegetação, as suas dunas e as suas praias se transformam em alvo de uma empresa poluidora, a Brastânio, Indústria Brasileira de Titânio S.A. (Conteúdo oferecido pela própria fundação)
           O Brasil entra em ritmo de "redemocratização". De Assembléia Nacional Constituinte. Em 1945, Jorge Amado é eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), como representante de São Paulo. Em 1946, publica "Seara Vermelha". O lvro traz uma novidade geográfica ao conjunto da obra amadiana. Não se passa na cidade da Bahia e seu Recôncavo, nem à vista dos cacauais do eixo Ilhéus - Itabuna. E o novo espaço geográfico é extraordinariamente amplo. Seara Vermelha é a saga de uma família de retirantes compulsórios, gente expulsa de terras nordestinas, que toma o rumo de São Paulo. A pé. A viagem é um rol de aflições, de fome e de morte. (conteúdo oferecido pela própria fundação) 
Dentro da fundação tem o Café - Teatro Zélia Gattai, um ponto de encontro de artistas e intelectuais, com programação de leituras dramáticas, seminários, mesas - redondas, bate - papos e projeto de música. (informação fornecida pela fundação) 


 No seu mandato, propõe a regulamentação da Lei de Liberdade de Culto, vigente até hoje.
           Nesse mesmo ano, Jorge Amado conhece aquela que viria a ser a companheira de uma vida inteira. A fotógrafa, escritora e também ativista política, Zélia Gattai.
Nas suaS viagens e atividades culturais e políticas, Jorge Amado trava amizade com o poeta Pablo Neruda e com o fotógrafo francês Pierre Verger. É durante o exílio voluntário na Europa que ele conhece Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Pablo Picasso.
Em 6 de Abril de 1961, Jorge Amado é eleito por unanimidade para substituir Otávio Mangabeira na cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras. No mesmo mês, estreia a primeira adaptação de Gabriela para a TV, na Tupi.


No final comprei umas lembranças na loja que fica dentro da Fundação. Uma forma de recordar esse dia tão especial!