sexta-feira, 28 de março de 2014

Romance Histórico: Julia Quinn

Romance Histórico: Julia Quinn          


          Atualmente o universo literário tem apresentado novos escritores nas diversas categorias. Por exemplo, as Distopias, New adult, Hot aprovado entre outros. Hoje irei falar sobre Romance histórico, além de fornecer uma dica muito boa sobre os livros que estão deixando os leitores viciados neste estilo histórico nada convencional. Estou me referindo a série Os Bridgertons da jovem escritora que tem sido considerada por alguns, a “Jane Austen Contemporânea”.
          
          Acredito que Julia Quinn recebeu privilegiada referência por afeiçoar sua escrita aos padrões e relações sócias que são características da época e das histórias de Jane Austen. É pertinente mencionar que *Contemporâneo diz respeito ao que está no mesmo tempo, neste caso, no presente. Ou seja, por ela ser atual (com temáticas atuais) e escrever dentro de um contexto histórico usando características peculiares que marcaram e marcam o estilo de Jane Austen, resultou-lhe tal título.
        
          Não trata-se de um plágio, de forma alguma! Quinn traz autenticidade em sua escrita além de um enredo com intrigas deliciosamente chocantes para a época. Assim como Austen, ela utiliza a Inglaterra do século XIX, a burguesia aristocrata como cenário de seus romances e os famosos diálogos sobre o papel feminino no seio das relações sociais.  Diferente de Austen, podemos encontrar assuntos com uma pitada de humor na luta da “odisseia” feminina para conquistar um “bom partido,” juntamente com muita sexualidade abordada de uma forma detalhista e nada recatada.         
          Quinn segue a moda dos romances em série ao criar Os Bridgertons, uma família nada comum para os padrões da época. Cada livro conta a história de um irmão, são oito irmãos ao total (quatro homens e quatro mulheres), mas, aqui no Brasil só foi traduzido, por enquanto, até o número três. Uma curiosidade sobre a série é a personagem Lady Whistledown, uma colunista de identidade anônima possuidora de uma escrita maquiada com humor irônico e por vezes divertidíssimo; sempre causando muitos burburinhos da parte das personagens ou até a alegria e tristeza de alguns que acabam tendo suas vidas expostas em uma coluna de fofocas.
          
          A nós leitores, cabe apenas nos deliciarmos com a escrita leve e descontraída de Julia Quinn e nos encantamos com os irmãos Bridgertons. Para quem imagina encontrar rapazes perfeitos como os príncipes dos contos de fadas ou os cavalheiros by Jane Austen, irá se enganar quando conhecer Anthony, Benedicty e Colin (são os mais velhos), conhecidos como libertinos ou como nós dizemos por aqui, mulherengos que só querem saber de fugir do matrimonio e curti a vida. Já as heroínas fogem totalmente do padrão (que assim seja). Não são “donzelas em perigo” afetadas pelos costumes da sociedade, pelo contrário, são corajosas, desinibidas, curiosas e bem resolvidas sexualmente. Para os leitores atentos vai ser perceptível a influência da sociedade atual, um bom exemplo é o olhar da escritora na abordagem sexual (sexo antes do casamento) e a maneira como as características comportamentais das personagens masculinas demonstram uma descrição verossímil. Deixo aqui meu convite ao queridos leitores para conhecer a série Os Bridgertons, uma leitura nada cansativa e muito atrativa criada por Julia Quinn.



Beijos


* Observação: Devo lembrar que a morte de um escritor não significa que ele deixou de ser contemporâneo, principalmente se sua escrita ainda nos fala de algo que podemos ligar a realidade.

sábado, 15 de março de 2014

Uma rápida reflexão sobre o comercio literário

Uma rápida reflexão sobre o comercio literário

          Os chamados Best-sellers, livros populares constantemente apreciados na lista dos mais vendidos no mercado editorial, também conhecidos como “literatura em massa”, estão passando por uma ótima fase financeira, já que esse termo é ligado diretamente ao número de vendas. E se na capa estiver escrito: Best-Seller do New York Times é sinônimo de fama adquirida, esse é top! O aumento de blogs que trazem textos sobre livros populares cresceu consideravelmente, uma coisa puxa a outra, as pessoas adoram ler textos sobre Best-sellers, mesmo que o escritor do blog tenha apenas reescrito a sinopse ou feito uma “análise” equivocada do livro. Certa vez encontrei um comentário de uma “blogueira” dizendo que a personagem era sem cultura , já tinha lido o livro e na verdade era um cigano mestiço criado na sociedade inglesa e por isso partilhava de duas tradições, costumes, heranças etc. Achei engraçado o fato dela se arriscar a escrever tal comentário sem nem procurar o significado de cultura, pois se tivesse feito, iria descobrir que não existem pessoas sem cultura, mas sim, graus de cultura ou acultura.

           Também é comum encontrarmos em redes sociais comunidades (inclusive o Bem Instruída possui uma página no face), onde podemos compartilhar de forma rápida apenas uma pequena parte de algo maior. Até mesmo fotos, citações, novidades literárias, promoções, além da página “oficial” do livro, trilogia, série ou escritor preferido. Graças às tecnologias disruptivas, não importa em que canto do mundo você se encontra, na era do multiculturalismo estamos todos unidos por meio de uma rede e varias são as ferramentas para aumento da venda e facilidade do consumo literário.

          Para o público jovem, quantidade de leitores que mantém a venda em alta, não falta títulos e sagas distópicas nas prateleiras das livrarias. Os chamados ‘New Adult’(jovens adultos), termo que começou a ser propagado pela editora St. Martin’s Press no ano de 2009 passou a ser considerado uma categoria literária especifica. Normalmente as personagens principais são universitários que estão passando por descobertas pessoais e novas experiências. O estilo Hot, ou melhor, Hot Aprovada (sensual e erótico); além dos romances históricos que é de praxe virem acompanhados com uma pitada Hot. Ou seja, tem para todos os gostos e estilos... 
(acima temos a imagem da livraria Cultura em Recife).

          Não sejamos tão ingênuos... Os livros não são criados apenas pelo fato do escritor ter amor a escrita! Ser escritor é um oficio criativo que requer dedicação e estudo como todas as outras profissões, e naturalmente ele espera um retorno financeiro. Quando uma editora recebe de um escritor a proposta de um livro, eles a analisam dentro de uma perspectiva comercial. - O que as pessoas se interessam? O que estão lendo?- Não é por acaso que os livros eróticos para mulheres vendem tanto, afinal, nós adoramos!!
          Todavia, nem tudo que surge no cenário literário contemporâneo é de boa qualidade. Não estou construindo aqui uma crítica destrutiva a esse tipo de leitura. É fato que ninguém vive a margem do capitalismo, é inevitável. Temos apenas que sermos seletivos. Eu gosto muito de Best-Sellers, entretanto, meu gosto não me impede de ter uma visão critica. Há livros que tenho vontade de jogar pela janela, há aqueles que gosto tanto que sonho com as personagens...
          
          Só gostaria de lembrar para que busquemos um equilíbrio, pois à medida que as vendas de best-sellers aumentam, diminui a divulgação dos livros de escritores renomeados. Infelizmente a literatura brasileira e universal não são frequentemente discutidos em alguns blogs ou comunidades. E quando é feito, é para um público específico, o que só afasta a grande massa de leitores, criando preconceito. Não podemos deixar de ler Machado de Assis, Aluísio Azevedo, Raquel de Queiroz, Ariano Suassuna, Ferreira Gullar, Jorge Amado, Nelson Rodrigues, Emily Brontë, Jane Austen, Júlio Verne, Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Gustave Flaubert, Kafka... Esses escritores também escreveram sobre distopias, humor, amores impossíveis, erotismo, guerras, ficção científica, suspense, conflitos. Não devemos esquecer que eles são exemplos e inspiração para muito novos escritores, pois suas temáticas ainda permanecem contemporâneas.

Beijos.

Essa postagem surgiu dos meus diálogos com Jorge Viana, pessoa diretamente ligada ao mercado de livros. Obrigada!
       
          

sábado, 8 de março de 2014

Nascidas Para Segurar Bandeira

Nascidas Para Segurar Bandeira

          A manhã de 08 de Março de 1857 poderia ter sido um dia como outro qualquer... No entanto, aconteceria algo que seria lembrado para sempre pela humanidade. Foi neste dia que mais um grupo de mulheres se uniu para lutar por seus direitos, elas só não imaginavam que o preço custaria as suas próprias vidas. Alguns anos depois, a data foi transformada em uma representação simbólica da luta feminina. Ou seja, elas conseguiram levantar a bandeira, cabe a nós gerações posteriores, mantê-la erguida! O que me preocupa é que a sociedade (não de forma generalizada) tem desviado ou esqueceu a real motivação da data em questão.       

           Essa mesma bandeira foi carregada por Malala Yousafzai, uma estudante paquistanesa nascida na cidade de Mingora, no distrito de Swat. A vida dela mudou quando o Talibã invadiu o vale de Swat trazendo por meio de uma liderança autoritária a exclusão feminina. Foi então que ela resolver romper o silêncio lutando pelo direito à educação. O dia 09 de Outubro de 2012 tornou-se o 08 de Março de Malala. Enquanto voltava da escola ela foi atingida por um tiro na cabeça a queima-roupa. Diferente do fim trágico das operárias, Malala sobreviveu, e com muita dificuldade conseguiu sair de seu país passando a viver exilada por causa do terrorismo. Hoje, essa corajosa e “precoce” ativista é a candidata mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz.


          É com muita felicidade que eu posso afirmar que são incontáveis o número de mulheres que mudaram e continuam mudando a nossa trajetória. Como o espaço é curto, selecionei apenas um número mínimo. Irei citar as Sufragistas, que por todo o mundo lutaram para fazer parte da política por meio do voto; Mietta Santiago, advogada mineira que de forma inteligente usou a lei a nosso favor mostrando que a proibição do voto feminino contrariava o artigo 70 da constituição; Luiza Alzira Soriano Texeira, primeira mulher eleita em um mandato político no Brasil; Raquel de Queiroz, primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras; Maria da Penha, uma forte mulher que lutou arduamente para que seu agressor fosse condenado. Ela representa a luta feminina na defesa dos nossos direitos e contra violência doméstica. Apesar da Lei Maria da Penha estar em vigor, ela ainda não é totalmente respeitada pelas autoridades brasileiras. Infelizmente, muitas mulheres ainda sofrem esse tipo de violência e por excesso de medo evitam denunciar seu agressor. Todas elas lutaram antes de obter suas conquistas, as “adversidades” não as impediu de continuar em frente!

          Por fim, vamos aplaudir as mulheres que são responsáveis por ter gerado as nossas vidas! Nossas mães, mulheres que trabalham e ganham menos, guerreiras audaciosas e destemidas prontas para enfrentar de cabeça erguida as dificuldades impostas pelo machismo diário! Não tem milagre maior que esse a de produzir cada parte de outro ser humano sustentando a criação até sua formação completa; não tem tristeza maior do que observar esse milagre se transformar em um agressor ou assassino de mulheres!

          Queridas leitoras e leitores, vamos brigar para que o objetivo dessa data não seja apenas para receber flores, chocolates e declarações repletas da falta de prática cotidiana! Mas sim, devemos fortalecer a luta, buscar nossos direitos sem pedir igualdade para tudo, temos que refletir mais sobre o que pedimos, as limitações existem para ambos os sexos, somos diferentes em muitos aspectos, portanto, não podemos pedir direitos iguais em tudo, devemos lutar por nossas diferenças e por nossas igualdades quando nos for necessário. As mulheres acima lutaram por algo necessário, vamos continuar com a herança que nos foi dada, segurando a bandeira e passando-a para as gerações futuras!

Gostaria de dedicar essa postagem a: Minha mãe (sobrevivente da violência doméstica quando eu era criança);  Elizete Viana( mulher corajosa e destemida); Emicleide Viana (mulher de altruísmo e abnegação que ama incondicionalmente seu filho Autista), minhas parceiras de WhatsApp (grupo leituras picantes), Jaqueline Damasio (mulher repleta de felicidade que me faz lembrar uma fênix); a jovem Maynne Lima (a quem admiro muito por sua luta a favor das mulheres. Tenho certeza que você e Malala seriam grandes amigas) e por fim, a todas queridas leitoras!

Beijos!