sábado, 15 de fevereiro de 2014

Os contos de Fadas

                                                                 Os contos de Fadas 

          Definitivamente eu adoro os contos de fadas! No entanto, aprecio ainda mais a significação que cada conto lúdico tem por trás das palavras que formam um conjunto encantador  de aventuras maravilhosas recheadas de amor e medo! Lembro como se fosse hoje, “Tudo começou no primeiro período da faculdade”... ok!! Só para entrar no clima da narrativa rs.
          Foi com muita sorte que eu participei da primeira ação social na instituição que eu estudava logo no primeiro período. Qual o papel desempenhado? Contadora de histórias infantis (ADORO COMO ISSO SOA). Foi um dia lindo! Meus amigos e eu nos caracterizamos de forma bem lúdica (graças a Andressa que tem jeito para criar vestimentas com papel crepom) me senti uma fada!!
          Pois bem... deixando de lado meu desejo consciente em transfigurar – me em fada Tinker bell... Foi surpreendente ter todos aqueles olhinhos vidrados em mim enquanto eu contava às histórias que me encantaram na infância. No final do dia eu fui embora com algo que me intrigava há um bom tempo e só intensificou com a quantidade de contos narrados durante o dia. A mesma pergunta vinha a minha mente quando eu falava do lobo mal, madrasta má, floresta escura, criança sozinha na floresta, gigante, abandono etc. Era nestes momentos que as crianças ficavam tensas e curiosas... eu me perguntava qual o motivo das situações de medo e conflito sempre pareciam mais atraentes para elas?
          Foi no momento certo que eu resolvi escrever sobre isso e agora estou compartilhando um pouco, bem pouco, dessa ideia ( que virou um Artigo e TCC) com vocês.
A verdade sobre os Contos de Fadas é que eles são posteriores aos mitos e às fábulas. Além de sempre despertar um encantamento em quem os lêem. Eles refletem sobre as civilizações e proporcionam uma conservação das tradições humanas. Algo que tem me intrigado nos contos de fadas é a constante presença do medo em algumas questões fazendo com que possa ser percebido de maneira consciente ou inconsciente como uma ação pensada contendo um conteúdo significativo.


          A crítica literária infantil vem mostrando que é ingenuidade pensar que os contos de fadas são inocentes, visto que podem ser questionados. Eles estão na gênese da cultura popular e grande parte da ideologia presente neles está de certa forma mascarada como o oposto do que realmente é. É pertinente lembrar que os contos de fadas derivaram de narrativas que foram escritas para a sociedade de forma geral, visto que nesse tempo não tinha uma visão de infância e as crianças eram apenas adultos em miniaturas; a intenção era de utilizar a linguagem oral para discutir sobre fatos  recorrentes da época.
O homem é capaz de dominar a palavra para simbolizar os fatores sociais. A arte “de dizer” fez com que ele repassasse as tradições entre as gerações perpetuando-as. Primeiro, as narrativas orais utilizaram os mito, contos populares, fábulas e posteriormente, surgiram os contos de fadas.  Este último nos remete a arte “de dizer,” a narrativa.
No sentido próprio da literatura, o conto é uma narrativa que se preocupa com a verossimilhança, sendo ela apresentada dentro do simbolismo no sentido que ele utiliza do signo para refletir uma visão subjetiva de mundo, interpretando a realidade de forma idealizada; por isso suas representações ligam-se as tradições humanas, ou melhor, questões sociais. As narrativas orais passaram a ser direcionadas e adaptadas no século XIX para as crianças, recebendo o nome de contos de fadas, e até os dias de hoje são utilizados como conhecimento e instrução. Eles já foram visto com grande preconceito (versões anteriores, os contos sofreram muitas adaptações) devido à maioria das personagens serem crianças ou adolescentes em situações de temor e aflição causados pelos medos enfrentados em suas vidas.  Por isso eles não tinham uma boa aceitabilidade, pois, tal realidade a sociedade escolhia ocultar.
  Com o passar do tempo eles sofreram mais adaptações e começaram finalmente a serem aceitos sem pré-conceitos.  A magia contida neles encantou crianças e também adultos. Quando a Disney adaptou-os para o cinema, dando imagem à fantasia, eles finalmente conseguiram sua permanência na sociedade.
Contudo, a questão é que infelizmente pouquíssimos são os pais que ao entrarem numa livraria para comprar os contos de fadas possam imaginar que ao chegar a suas casas vão ler para suas crianças histórias que foram escritas para retratar questões aterrorizantes como incesto, pedofilia, roubo, morte, sexo, canibalismo (antropofagia) entre outros. Calma, por favor! Não estou criando nenhum “tabu” em torno desses Contos incríveis, aliás, eu gosto de todas as versões, mesmo as “grotescas”, elas são importantes para termos conhecimento dos fatos e medos das sociedades antigas e a de hoje também...  Na verdade, estou lamentando o fato de poucas pessoas entenderem o quão rico e explorado a leitura de contos de fadas pode ser!

Esses livros são apenas alguns dos que eu usei como fundamentação teórica. Eu pesquisei e conversei com pessoas da área da psicologia pois foi preciso fazer um "casamento" de ideias entre a teoria literária e a psicanálise. E posso dizer que rendeu muitos frutos!
 Beijos!