sexta-feira, 28 de junho de 2013

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura

Última parte!!!

Nossa! Essa postagem completa deu muito trabalho! Horas e horas de leituras, estudos e pesquisas...Bom, vamos lá!



Adélia Prado

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
Esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
Sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
Acho o Rio de Janeiro uma beleza e
Ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
(dor não é amargura).
Minha tristeza não tem pedigree,
Já a minha vontade de alegria,
Sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Na prosa e na poesia de Adélia podemos encontrar assuntos relacionados à religiosidade e a vida cotidiana feminina. Sobre sua criação literária ela diz o seguinte: "Alguns personagens de poemas são vazados de pessoas da minha cidade, mas espero estejam transvazados no poema, nimbados de realidade. É pretensioso? Mas a poesia não é a revelação do real? Eu só tenho o cotidiano e meu sentimento dele. Não sei de alguém que tenha mais. O cotidiano em Divinópolis é igual ao de Hong-Kong, só que vivido em português." 
Essa citação me faz lembrar as palavras de Afrânio Coutinho quando diz que “a literatura é a transfiguração do real”. A realidade recriada através da imaginação, inspiração e dos sentidos do artista. É dessa forma que Adélia nos faz sentir-se diante de um espelho!





Clarice Lispector

Quando penso na Clarice as primeiras palavras que surgem em minha mente são: genialidade, complexidade, intensidade e excentricidade. Ela é incrível! Suas obras fazem uma sondagem psicológica para tratar o interno do ser humano e questões existenciais relacionadas à angústia. É impossível falar de Clarice sem citar o termo Epifania. “O termo Epifania não aparece em sua obra, mas sua presença pode ser notada pela atmosfera criada pelas escolhas lexicais como: “crise”, “inferno”, “assassinato”, “náusea”, “nojo” etc. Ou seja, são pontos de ruptura do sujeito com o cotidiano através de uma função reveladora.
Trecho do Conto Amor

“O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. O calor se tornara mais abafado, tudo tinha ganho uma força e vozes mais altas. Na Rua Voluntários da Pátria parecia prestes a rebentar uma revolução, as grades dos esgotos estavam secas, o ar empoeirado. Um cego mascando chicles mergulhara o mundo em escura sofreguidão. (...) Ela apaziguara tão bem a vida, cuidara tanto para que esta não explodisse. Mantinha tudo em serena compreensão, separava uma pessoa das outras, as roupas eram claramente feitas para serem usadas e podia-se escolher pelo jornal o filme da noite - tudo feito de modo a que um dia se seguisse ao outro”.
(...)

“Não havia como fugir. Os dias que ela forjara haviam-se rompido na crosta e a água escapava. Estava diante da ostra. E não havia como não olhá-la. De que tinha vergonha? É que já não era mais piedade, não era só piedade: seu coração se enchera com a pior vontade de viver”.


Obrigada pela participação e pelo carinho de todos!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura Parte IV

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura
Parte IV








Simone de Beauvoir

É a principal teórica do movimento feminista. Em seu livro, O segundo sexo, ela analisa a visão e o papel da mulher na sociedade. Em suas obras aborda questões relacionadas ao existencialismo, responsabilidade, ação e vida matrimonial na perspectiva feminina. Beauvoir acrescenta em sua produção literária elementos autobiográficos; nesse sentido é importante enfatizar sua autobiografia Memórias de uma moça bem comportada e o ensaio Balanço final.

Trecho do livro O segundo sexo


“Simone de Beauvoir, constatando a realidade ainda imediata do prestígio viril, estuda cuidadosamente o destino tradicional da mulher, as circunstâncias do aprendizado de sua condição feminina, o estreito universo em que está encerrada e as evasões que, dentro dele, lhe são permitidas. Somente depois de feito o balanço dessa pesada herança do passado, poderá a mulher forjar um futuro, uma outra sociedade em que o ganha-pão, a segurança econômica, o prestígio ou desprestígio social nada tenham a ver com o comercio sexual. É a proposta de uma libertação necessária não só para a mulher como para o homem.”





Raquel de Queiroz

 Raquel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Sua prosa é escrita de maneira dinâmica, sobretudo quando se trata da técnica discursiva podendo ser relacionada com a narrativa da novela de tradição popular. Essa forma de “contar” os fatos se torna mais prazeroso para o público. Raquel trabalha aspectos que demonstram uma preocupação social, como a seca no Nordeste; inspiração ideológica, econômica e política. A personagem Conceição de O Quinze vive uma crise de identidade e autonomia diante de uma sociedade patriarcal, recusando o amor de Vicente.

Sobre a criação Literária

“Romance é como gravidez. Aquilo fica dentro de você, crescendo , incomodando, até sair. Quando falo que meus filhos saem em intervalos de quinze anos, não estou fazendo charme. Esse é meu tempo. Memorial de Maria Moura, meu último livro, é de 1992. Antes dele, tinha publicado Dora, Doralina, em 1975”. Raquel de Queiroz.


As próximas escritoras: Adélia Prado e Clarice Lispector
Para os leitores de Agatha Christie, estou preparando uma postagem...


Referências
A literatura portuguesa através dos textos, 2006.
Enciclopédia do Estudante. Literatura Universal, 2008.
Língua Portuguesa. Novas Palavras, Manual do Professor, 2010



domingo, 16 de junho de 2013

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura Parte III

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura


                              Parte III





Florbela Espanca

A pena de Florbela é guiada por um lirismo que pode variar entre o terno, o amoroso e a eclosão erótica. De acordo com Massaud Moisés (2006): “a poetisa confessa os transporte dos sentidos sem trava alguma, mas alcança conferir grandeza ética e estética aos sonetos precisamente porque os transfundi com sua riquíssima sensibilidade e imaginação. Noutras palavras: a febre dos sentidos encontra uma alta expressão literária e torna-se arte na melhor categoria (...)” A  poetisa ao usar artisticamente suas palavras consegue alcançar uma literariedade ímpar, conquistada por pouquíssimas escritoras portuguesas.
                
Poema Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mas este e aquele, o outro e toda gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
(...)
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... Pra me encontrar...





    Virgínia Woolf

A romancista inglesa deixou de lado os padrões tradicionais da narrativa em prol da renovação literária; adotando uma particularidade moderna ao utilizar novas possibilidades de recursos narrativos. Ela traz uma reflexão sobre a morte, técnicas que exploram a passagem do tempo, além da representação das conquistas da “mulher nova” na sociedade moderna com características intelectuais, independentes e liberais.
Trecho de sua obra Rumo ao farol
“Além disso, complacente e suave, enquanto suas abelhas Zuniam e suas moscas dançavam, a primavera estendia um manto ao seu redor, ocultava os olhos, desviava a cabeça e, por entre sombras que se deslocam e a chuva fina que cai, parecia ter-se encarregado de conhecer todas as tristezas da humanidade”.





Próximas escritoras: Simone de Beauvoir e Raquel de Queiroz.

Logicamente que há MUITAS MULHERES importantes para a literatura, eu tentei buscar apenas algumas para demonstrar com grande orgulho a deliciosa e difícil realização do ser “mulher” na sociedade.
Referências
A literatura portuguesa através dos textos, 2006.
Enciclopédia do Estudante. Literatura Universal, 2008.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura Parte II

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura

 Parte II



Irmãs Brontë (Emily, Anne e Charlotte)


Gostaria de abrir uma exceção... 

Eu coloquei no número três da lista, três irmãs inseparáveis (seria muito injusto separá-las) que conseguiram fazer seu sobrenome conhecido mundialmente. Nos romances podemos perceber as escritoras explorando o universo feminino. Algumas abordagens são demonstradas de maneira sombria e conflitante, chegando a romper com alguns padrões literários da época. Como prova disso, o “clássico” literário Morro dos Ventos Uivantes não foi bem compreendido, as personagens são apresentadas bem distantes da idealização do herói e heroínas que as pessoas estavam acostumadas a encontrar nos romances ingleses da época.


Citação de Charlotte Bronte sobre a escolha dos pseudônimos
 “Não gostávamos da ideia de chamar a atenção, por isso escondemos os nossos nomes por detrás dos de Currer, Ellis e Acton Bell. A escolha ambígua foi ditada por uma espécie de escrúpulo criterioso segundo o qual assumimos nomes cristãos, claramente masculinos, já que não gostamos de nos declarar mulheres, uma vez que naquela altura suspeitávamos que a nossa maneira de escrever e o nosso pensamento não eram aqueles que se podem considerar 'femininos'. Tínhamos a vaga impressão de que as escritoras são por vezes olhadas com preconceito e tínhamos reparado como os críticos por vezes as castigam com a arma da personalidade e as recompensam com lisonjas que, na verdade, não são elogios”



Sóror Mariana Alcoforado

Sóror Mariana constitui a epistolografia literária em Prosa. Na terceira carta, a epistológrafa demonstra com grande ímpeto e energia, sem nenhum constrangimento, a veemência do seu amor por Chamily. Essa atitude é um marco grandioso para a escritora, pois poucas mulheres na literatura tiveram a coragem de revelar, ou melhor, de despir sua alma a um homem. A religiosa portuguesa revela seu amor proibido na dualidade entre questões “(...) espirituais e carnais, sensuais e místicos, efetuada a ritmo de vaivém e de afirmações e negações contínuas, explica – se pela adesão, ainda que puramente atmosférica, do Barroco imperante no século” Massaud Moisés. (p. 202).
Trecho da Terceira Carta
Já não sei o que sou, nem que faço, nem o que desejo! Espedaçam-me mil comoções contrárias... Há lá mais lastimoso estado! Amo-te perdidamente e modero-me bastante para não desejar que sejas assim atribulado. (...) Ordena-me que eu morra de amor por ti!...Sim! Conjuro-te a que me socorras, para que, excedendo a fraqueza do meu sexo, acabe tanta hesitação com um ato de verdadeiro desespero.”

Próximas escritoras: Florbela Espanca e Virgínia Woolf

Logicamente que há MUITAS MULHERES importantes para a literatura, eu tentei buscar apenas algumas para demonstrar com grande orgulho a deliciosa e difícil realização do ser “mulher” na sociedade. 
Referências
A literatura portuguesa através dos textos, 2006.
Enciclopédia do Estudante. Literatura Universal, 2008.

domingo, 9 de junho de 2013

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura

As 10 mulheres que marcaram a história da literatura

É pertinente lembrar que essa lista é uma escolha subjetiva, portanto, pode variar de acordo com o gosto ou o impacto que as escritoras causaram através de suas obras, em cada leitor. Boa leitura! 
Observação: Como a lista ficou muito extensa por causa dos comentários, imagens e trechos de obras,  irei fazer cinco postagens, cada uma com duas escritoras.


Safo
A mais antiga escritora cuja lembrança permanece até hoje em nossas memórias. “Elogiada por Platão e comparada a Homero, Safo foi a primeira poetisa a falar abertamente de amor e desejo sexual”. (Revista História da BBC, p.32) De acordo com alguns estudiosos, Safo era uma poetisa lírica no sentido real da palavra, pois escrevia poesia para ser cantada ao som de uma lira. Nascida na ilha de Lesbos, era uma professora inspiradora e extremamente inteligente que proporcionou às mulheres a dádiva do conhecimento em um mundo iletrado.
Fragmento de sua obra
minha língua congela, calada e dura; chamas acesas escorrem debaixo de minha pele, eu não enxergo mais, meus ouvidos zumbindo”.
“Sua obra instiga porque fala diretamente com o leitor e, por meio dela, temos um vislumbre provocante da vida na Grécia Arcaica. Mas seus versos mais famosos parecem servir a um tipo de propósito educacional: o de guiar e socializar outras mulheres mais jovens que ela. Conhecidos como “poemas de casamento”. Bettany Hughes.





Jane Austen
Foi a romancista que culminou a narrativa da época. Em sua prosa, a escritora constrói de forma sutil e elegante uma crítica a sociedade burguesa provinciana, buscando como público essa própria classe social ascendente. Porém, as pessoas se enganam quando dizem que a escrita de Jane não tem malícia. Ela conseguia manusear com poder magistral as palavras criando por meio de uma falsa inocência nos diálogos, uma malícia e volteios repletos de zombaria e cinismo. Querida Jane é até hoje inigualável!
Trechos de sua obra
“Todas as canções e provérbios fala da volubilidade da mulher. Mas talvez me diga que foram todos escritos por homens. Talvez diga. Sim, sim, por favor, nada de referências a exemplo de livros. Os homens têm toda vantagem sobre nós, ao contarem suas histórias. Eles têm usufruído de muito mais instrução; a pena tem estado em suas mãos. Eu não vou permitir que os livros provém nada”  
“A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-se com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejamos que os outros pensassem de nós”. Jane Austen.

Logicamente que há MUITAS MULHERES importantes para a literatura, eu tentei buscar apenas algumas para demonstrar com grande orgulho a deliciosa e difícil realização do ser “mulher” na sociedade.
As próximas escritoras do Top 10 : Irmãs Bronte e Soror Mariana Alcoforado.

Referências
A literatura portuguesa através dos textos, 2006.
Enciclopédia do Estudante. Literatura Universal, 2008.
Língua Portuguesa. Novas Palavras, Manual do Professor, 2010.
Revista História da BBC, ano 1, edição nª 9.