domingo, 28 de abril de 2013

Sermão de Santo Antonio aos peixes: uma análise política e educacional na contemporaneidade



Sermão de Santo Antonio aos peixes: uma análise política e educacional na contemporaneidade 


                                                            


Padre Antonio Vieira nasceu em Lisboa em 06/02/1608, ou seja, esse ano ele completou 205 aninhos! Ao estudarmos sua história, aprendemos com o escritor Massaud Moisés que aos seis anos de idade, padre Antonio Vieira vem pela primeira vez ao Brasil, e mais tarde ingressa no colégio Jesuítico na Bahia. Ordenando-se em 1634, logo alcança renome de pregador eloquente e culto. Viaja para Portugal com objetivo de apoiar o novo monarca D. João IV. Em 1652 vai para o Maranhão e dedica-se a catequese dos índios. Vieira sofreu muitas perseguições por suas ideias Sebastianistas, por ser um homem que protegia os direitos de uma minoria e não aceitava as mentiras e falsidade das pessoas que o cercavam. Foi preso e teve seu direito de pregar cassado. Mas não adiantava, em tudo que fazia sempre se destacava. Os problemas que ele tanto debatia em seus sermões ainda existem como características humanas negativa. É por isso que Viera é um cânone literário, suas mensagens ultrapassam os tempos.
     Foi esse motivo que levou a mim e a o colega de sala de aula Edwilson, a fazermos um estudo baseado da seguinte idéia: “Sermão de Santo Antonio aos peixes: uma análise política e educacional na contemporaneidade”.





          Sermão de Santo Antônio aos peixes (1654)
                                                                   “Este sermão que é todo alegórico pregou o  
                                                                 autor três dias antes de se embarcar ocultamente
                                                                 para o reino, a procurar o remédio da salvação
                                                                 dos índios, pela causa que se aponta no 1º sermão
                                                                do 1º Tomo (sermão da sexagésima).” (Citado por
Carneiro em Suplemento Cultural e Literário JP 2009 p.75).


Capítulo I : Vos estis sal terrae
 Temos aqui três momentos importantes na formulação do sermão de Santo Antonio aos peixes: Conceito predicável : texto bíblico de onde foi extraído o tema “vos estis sal terrae” para alcançar o objetivo do autor. Exórdio: Momento em que Padre Vieira deixa claro a ideia a qual ele pretende defender durante o sermão.  E o evento que aconteceu com a pregação de Santo Antônio na cidade de Arimino, na Itália.


Capítulo II
“Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam”( capítulo II). Para quem já leu o sermão, sabe que Santo Antonio quando vai pregar na cidade de Arimino, na Itália, se retira da igreja devido o público se comportar de forma indecorosa. Em resposta a atitude dos ouvintes, Santo Antônio vai para frente do mar e prega aos peixes por serem bons ouvintes. Ao citar essa passagem, Vieira nos mostra também que a sociedade a qual ele queria dirigir o sermão não era muito diferente. Ele também compara os homens com os peixes, pelo fato dos peixes comerem uns aos outros. O sermão diz o seguinte: “os homens com suas más e perversas cobiças vêm a ser como peixes, que se comem uns aos outros”. Para verificar essa ideia de Vieira, vamos fazer posteriormente uma ligação entre políticos como peixes grandes (incluindo os líderes educacionais, das escolas privadas), e os estudantes como peixes pequenos.


Natureza egoísta do homem
O pregador faz no segundo capítulo referência a passagem bíblica no livro de Jonas, fazendo uma comparação da atitude do peixe (salvou Jonas) e dos homens (laçaram Jonas para ser comido pelos peixes).  Louvor e exortação ao peixe por salvar Jonas e em contradição, o homem que é um ser racional se mostra egoísta e cruel. Como exemplo, ele usa a corrupção dizendo o seguinte: “Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar”. ( 1º capítulo).


A corrupção na contemporaneidade
EX 1: No livro a “Privataria Tucana” o escritor Amaury Ribeiro, reúne documentos secretos sobre, segundo ele, “o maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Ex 2: Já o escritor Jurjo T. Santomé, mostra os políticos se aliando a empresas, na chamada políticas neoliberais, com o objetivo de transformar o sistema educacional em um modelo de mercado. Isso nos leva ao seguinte pensamento: A terra continua sem se deixar salgar. Na atualidade, o contraste e a dualidade que aparece no sermão de Padre Vieira continuam vigente. O bem e o mal características da dicotomia do Barroco, estão tão intensos quanto antes. Os políticos só pensam em seus interesses e acabam fazendo o mal para a sociedade. Temos ainda mais dois exemplos: No Rio, Marcelo Alencar vendeu o Banerj para o Itaú por  330 milhões, mas antes demitiu 6,2 mil dos 12 mil funcionários do banco estadual” ( RIBEIRO p.37 - 39); O escândalo do mensalão (2005- 2006).


Capítulo IV do Sermão: homens como peixes, comem-se uns aos outros: “A primeira coisa, que me desedifica, peixes, de vós é que vós comeis uns aos outros.(...). Não vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos.(...) Os homens com suas más e perversas cobiças vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros” (capítulo IV do sermão). Quando direcionamos essa reflexão de Viera para a atualidade, podemos considerar como peixes grandes os políticos e os líderes educacionais. O povo representa os peixes pequenos. No entanto, direcionamos esse estudo a fim de exemplificar apenas um grupo, já que seria muito amplo incluir os diversos grupos sociais que sofrem com os líderes desse país. E por esse trabalho ser um diálogo entre o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, política e educação. Dessa forma, vamos utilizar a categoria estudantil como representando os peixes pequenos. Segundo Santomé “Nesse ambiente de competitividade existente nas escolas, especialmente nas escolas privadas, a seleção dos estudantes torna-se uma importante estratégia no tocante à sua promoção e publicidade. (SANTOMÉ p. 131). Devemos lembrar-nos das inúmeras vezes que encontramos nas avenidas as imagens de estudantes que são utilizadas como “produto de divulgação” para promoção de escolas por conseguirem aprovação nos vestibulares. A imagem do aluno sendo usada como um marketing para a instituição.


Capítulo v do Sermão: Neste capítulo o padre Vieira faz novamente referências aos peixes em particular. Os roncadores representam à soberba e o orgulho; os pegadores representam os parasitas; os voadores, a presunção e ambição e por fim, o polvo, representando a traição. Para o padre Vieira, essas características são pertencentes à natureza humana, porém, como o sermão é uma alegoria, ele usa os peixes para transmitir suas ideias. É fato que se o padre Vieira pudesse olhar hoje a sociedade, iria perceber que seu sermão ainda é válido.


Referências
A literatura portuguesa através dos textos. Moisés, Massaud.
Suplemento Cultural e Literário JP: Guesa Errante. 2009.
A privataria Tucana. Ribeiro JR, Amaury.
A educação em tempos de Neoliberalismo. Santome, Jurjo Torres
Trabalho apresentado na semana de Letras na Faculdade Atenas Maranhense-FAMA em São Luís, MA.(2012).

 “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lasVoltaire.





   

    





sexta-feira, 26 de abril de 2013

Bem Instruída? 
Como essa é minha primeira postagem e eu estou sem criatividade hoje e de consciência "pesada", já que era para eu estar estudando e não criando blog...Mas tudo bem, esse diário eletrônico servirá pra compartilhar conhecimento. Justificação dita( não sei se convenci), irei começar explicando a causa que me levou a escolher esse título. Instruída como todos devem saber é uma derivação da palavra instrução e ambas são relativas a "ato ou efeito de instruir(se); o conjunto de conhecimentos adquiridos" (Minidicionário Aurélio, p.482). Ou seja, eu procurei uma palavra que demonstrasse um pouco de uma das minhas características. Nesse caso, como alguns já devem ter concluído, eu adoro adquirir conhecimentos. Meu intuito ao criar esse é em blog é de compartilhar e aprender sobre notícias relacionadas a livros, escritores, meio acadêmico, artigos científicos, inclusive os meus e também sobre eventos que sejam pertinentes a sociedade.